20/08/2009

Uso do GPS já rende histórias curiosas no trânsito

Qua, 19 Ago - 14h45

Por Tatiana de Mello Dias

São Paulo, (AE) - Ele diz que a história é longa demais para ser contada, mas por algum motivo da vida o vendedor Oswaldo Furquim precisou largar a profissão. Depois de 17 anos visitando fábricas, virou taxista. Acostumado a rodar pelos bairros industriais e pelas periferias da cidade, ele não conseguia se achar no Centro, onde ficava o ponto. Nenhum cliente queria andar no táxi dele - todo mundo sabia que, mais cedo ou mais tarde, o taxista acabaria se perdendo. Então, no início de 2007, que tudo mudou: Furquim comprou um GPS.

"Eu uso todos os dias porque não consigo decorar os caminhos. Aliás, sempre tive um problema em decorar coisas, até na escola", diz Furquim. O apreço pelo brinquedo é tanto que rendeu a ele um novo apelido dos clientes: GPS. Furquim é uma dessas pessoas que se acostumaram à segurança de ter seu entorno sempre traçado.

GPS, o taxista, não gosta da voz do aparelho GPS, mas há quem curta. Um deles é o arquiteto Fabio Ferrero, que gosta tanto que até batizou o GPS do celular: "Gina Pereira da Silva", muito prazer. "Faz tempo que eu não abro o guia de papel dentro do carro. Se eu vou para um lugar desconhecido, ligo a Gina", brinca. "Às vezes ela é meio confusa, mas acaba dando certo".
Ferrero acaba de voltar da Europa. Levou a mulher e, claro, a "Gina". Tratou de baixar os mapas atualizados das cidades e usou também um tracker, onde marcou os caminhos que fez para depois jogá-los no Google Earth. "Gina" só foi inútil para procurar a cidade italiana de Miliano, onde Ferrero precisava encontrar documentos. Mas tudo bem, "Gina" está desculpada: segundo ele, aquela é a menor cidade da Itália.
O arquiteto prefere a voz feminina no GPS. Às vezes se irrita e solta um "cala a boca, ‘Gina’", especialmente quando ela o manda dar duas voltas em rotatórias ou virar em ruas inexistentes. "A gente fica burro, porque faz o que ela manda. Quando vejo uma placa, não acredito nela, confio na ‘Gina’", ri.

O empresário Aguinaldo Delgado, que se guia pelo GPS desde que morava na Europa, já foi orientado a entrar em uma favela. Embora atualize o aparelho com frequência, ele seguiu o GPS e acabou entrando em um lugar em que, um dia, já existiu uma rua - mas que hoje está tomado por barracos. "Me perdi, dava volta e não tinha jeito. Desliguei o GPS, parei e tive que perguntar o caminho para um caminhoneiro", diverte-se ao lembrar.

Para o já experiente Furquim, só o GPS não ajuda ninguém a se encontrar - tanto é que, de seus companheiros de ponto, só ele se adaptou à tecnologia. O taxista admite que está com duas atualizações atrasadas e já chegou a entrar com o carro em uma contramão. Nada, porém, que o fizesse abandonar o aparelho. "Existe uma margem de erro. Eu sei que eles trabalham para chegar à perfeição", diz.

A principal recomendação do taxista é que os motoristas procurem dar uma olhada no mapa para ter uma noção do lugar para onde vão. É o que faz, mesmo sem conhecê-lo, a estudante Gabriela Hesz.

"Eu nunca confio 100% no GPS", explica ela. Mesmo assim, Gabriela acha que o aparelho deixa a direção mais segura. Motorista há três anos, a estudante vive em Santo André e todas as vezes em que precisa ir a São Paulo usa o aparelho para não se perder na metrópole. Além de se localizar, o aparelho também a avisa onde estão os radares de controle de velocidade - para isso, ela instalou um programa no aparelho. E com a voz, há alguma relação especial? "Eu acho um pouco irritante, mas como estou dirigindo não dá para prestar atenção na tela".

Fonte: Agência Estado

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